O dólar para compra em espécie chegou a R$ 3,30 nas casas de câmbio de Salvador na terça-feira, 10. Já o dólar comercial bateu os R$ 3,17 pela manhã, mas caiu ao longo do dia e fechou próximo aos R$ 3,10.
Com alta acumulada de 8,76% apenas no mês de março, a instabilidade do dólar gerou uma queda de até 50% nas vendas de pacotes de viagem no estado, segundo a Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens da Bahia).
"Houve um impacto muito grande com o câmbio. A primeira coisa que a pessoa pensa é em adiar a viagem. O próprio movimento de procura (cotação) já caiu", conta o presidente da Abav, José Alves.
Quem já está com viagem comprada para o exterior desde o início do ano e esperou para comprar dólar às vésperas da viagem não imaginava que a moeda americana chegaria a esse patamar.
É o caso da família de Amaury Cardoso. Ele vai com a esposa e os filhos para Orlando, nos Estados Unidos, e comprou as passagens em uma promoção quando o dólar estava a R$ 2,80. Na terça, foi arrependido e aborrecido buscar os dólares que comprou a R$ 3,28. "Tinha expectativa que baixasse, mas agora a tendência é piorar", afirma Cardoso.
Segundo o sócio da Prime Câmbio, Lizandro Gomes, a espera pela queda do dólar foi uma decisão tomada por muitas pessoas, tanto que afetou o movimento
do negócio nas últimas semanas.
"As pessoas são otimistas, sempre acham que vai cair. Sentimos uma retraída. Hoje (terça-feira) já melhorou. A última sexta-feira foi o pior dia para os meus negócios de câmbio", afirma Gomes. Na sexta-feira, o dólar comercial atingiu o patamar dos R$ 3.
Em pesquisa por casas de câmbio da capital baiana, A TARDE encontrou preços entre R$ 3,22 a R$ 3,30, para o dólar em espécie, e de R$ 3,43 a R$ 3,49 no cartão de viagem . O preço do dólar chega próximo do euro, historicamente mais valorizado. Em Salvador, o euro pode ser encontrado entre R$ 3,45 a R$ 3,53, em espécie.
Incertezas
Para o economista e presidente do Cofecon (Conselho Federal de Economia), Paulo Dantas da Costa, a incerteza no cenário econômico impede qualquer projeção sobre a cotação da moeda americana. "Esse e outros aspectos relacionados à economia são bem especulativos. Há uma variável política que tem uma influencia significativa e faz com que seja imprevisível", diz Costa.
Para o consultor de viagens da Pontal Turismo, André Monteiro, uma das dicas para evitar perdas com a flutuação é comprar a moeda aos poucos.
Passagens aéreas podem ficar mais baratas
Agências de viagens baianas buscam negociar descontos e promoções de passagens aéreas em dólar para compensar a cotação alta e estimular o consumo. O presidente da Abav, José Alves, se reúne nesta quarta com as principais operadoras que têm voos para Buenos Aires, Miami, Lisboa e Madri.
As passagens internacionais são negociadas em dólar. Caso as empresas façam promoções, não será a primeira vez que as companhias reduzem os valores em dólar para compensar a desvalorização do real. Passagens para Buenos Aires, que custam US$ 500, em média, já foram vendidas a US$ 299. Para Miami, as passagens custam US$ 1,1 mil, mas já foram vendidas até a US$ 499. Madri e Lisboa já chegaram US$ 700.
Outros destinos
Para além das passagens, o dólar alto também afeta a vida de brasileiros que vão para destinos da América Latina. O administrador Sandoval Júnior vai para o Peru em abril, mas já viu os custos da viagem aumentarem acima do planejado. “Os passeios são em dólar. A agência peruana que contratei cobra em dólar. Minha viagem vai ficar mais cara”, disse.
Texto: Paula Janay / A Tarde
Fonte: COFECON